Conheço dois estaleiros que fazem barcos semelhantes. Enquanto um deles faz um produto de alta qualidade, do outro lado da rua o vizinho é um expert em produtos de quinta categoria. Mas por que os funcionários trabalhando no primeiro estaleiro são três vezes mais produtivos do que os outros funcionários que fazem o mesmo trabalho no outro estaleiro?

A resposta é por que alguém ensinou a fazer certo. Havia alguém, logo no início, que sabia fazer bem feito e mostrou como era. O sujeito que ensinou, e proporcionou ao primeiro estaleiro um padrão de qualidade competitivo, ensinou e registrou o que é bom e o que é “trabalho porco”. Todo mundo neste estaleiro sabe o que se deve fazer e tem uma detalhada informação à cerca de cada processo.

No outro estaleiro se glorifica a improvisação, mas se esquecem que só improvisa certo quem já fez bem feito várias vezes. “Dar um jeitinho” é, na maior parte das vezes, achar que sempre existe uma outra forma de se fazer melhor. Quando alguém dentro da fábrica pára e pensa diante de um problema de rotina, é porque alguma coisa está errada. Trabalho de rotina é como andar de bicicleta: não precisa pensar. Pensar é para se resolver um problema novo.

Quando se percebe a baixa qualificação da mão-de-obra em uma empresa de barcos, a tendência é culpar os funcionários. De fato eles são os primeiros réus, mas porque eles não tiveram com quem aprender, ou porque alguém acima deles projetou o barco de forma inadequada. O resultado é o desperdício de energia e criatividade para inventar o que se deveria ter aprendido no primeiro dia de trabalho. Infelizmente, o operário desqualificado-semi-analfabeto-mal-remunerado é apenas uma vítima de quem poderia ter ensinado, e não o fez.

Mas como criar uma cultura de fabricação competitiva, com qualidade e lucratividade? Alguém tem que descobrir a melhor maneira de se fazer e ensinar a quem vai executar o trabalho. O resto?
Bem, o resto é como andar de bicicleta!